A verdade fenomenológica : relativa e verdadeira
87. O relativismo céptico é a doença infantil da filosofia e das ciências, a de não se conseguir ir além da dúvida e da curiosidade - motor de toda a busca de saber -, deixando que aquela desfeite esta. Os grandes pensadores, para o refutar, assentaram quase sempre a sua verdade em absolutos transcendentes. A excepção[1] foi Aristóteles e a sua Physica, de que Heidegger (1968) disse que ela era « em retracção, e por essa razão nunca suficientemente atravessado pelo pensamento, o livro de fundo da filosofia ocidental ». Ora, pode-se perceber para começar que é nos dois primeiros livros deste texto mal conhecido que os motivos filosóficos de Aristóteles são colocados, definidos e argumentados em vista de compreender o entre enquanto phusis, enquanto capaz de movimento, isto é geração, crescimento, alteração e corrupção dos vivos. Perceber-se em seguida que são esses motivos que, por um lado, estruturam os seus textos científicos (zoologia, meteorologia, poética, política) e que, por outro lado, são retomados na Metafísica em vista de compreender o ente enquanto ente. Chegar-se-á assim a perceber o estatuto desta Physica no corpus aristotélico, na raiz tanto dos seus textos científicos como metafísicos : o duma filosofia com ciências que durou vinte séculos, até Newton e Kant, tanto quanto durou a civilização autárcica que ele pensou.
88. A sua primeira categoria é a de ousia, indissociavelmente ‘substância’ (real) e ‘essência’ (discurso, pensamento), mas devendo opor-lhe o acidente, o acontecimento, a temporalidade enquanto afecta o movimento da própria ousia, esta acidentalidade afectando-a na sua ‘substância’. Era a única maneira de satisfazer às exigências de intemporalidade, inlocalidade e incircunstancialidade da textualidade gnosiológica inventada pela definição (§§ 12-14), tinha que se consentir na oposição[2], que acompanha toda a história da filosofia, entre ser e tempo. A tradução latina de ousia em dois termos, substância e essência, e a introdução por Tomás de Aquino na teologia cristã, até aí platónica e augustiniana, dum aristotelismo em que o movimento já não ocupava o lugar central, tornou possível a querela do realismo e do nominalismo que separou a ‘real’ substância da ‘nominal-mental’ essência e abriu assim à revolução cartesiana do sujeito e do seu cogito, por um lado, e à filosofia natural experimental sobre a ‘matéria’, ou seja à física e ao seu laboratório, por outro. Kant tentou reconciliar o inconciliável, se dizer se pode : era o nosso ponto de partida.
89. Para justificar a minha maneira de retomar a fieira Husserl, Heidegger, Derrida, tenho agora que retomar, à luz da filosofia com ciências, o alargamento da redução fenomenológica (§§ 15-18). Com Husserl, houve redução ou suspensão da coisa aparecendo na sua empiricidade, a sua substancialidade física e os seus laços no mundo (na cena), para não se reter senão o seu aparecer estrutural, fenomenal ; ora, esta redução encontra-se retomada, alargada e confirmada, não apenas como operação de pensamento filosófico, mas também nas operações das ciências retidas aqui. Com efeito, a doação apagada pelo Ereignis só foi possível por esta redução do substancialismo : retiro da mãe que deu o bebé para que ele se torne criança, de pois adulto, retiro das vozes que ensinam ; sem se preocupar em exemplificar e talvez sem dar por isso, Heidegger terá pensado quer o nascimento quer a aprendizagem, quer mesmo o fabrico técnico[3], a vinda à presença de tudo o que aparece, a pro-dução de qualquer fenómeno : dado e deixado ser. Em seguida, Derrida deslocou a redução fenomenológica para a diferença entre os sons aparecendo (aos ouvidos) e o aparecer desses sons, dando conta, talvez sem dar por isso, do que se passa quando uma criança começa a falar e quando nós aprendemos o que quer que seja : o que escutamos (ou lemos), assim como o que vemos ou mexemos, é reduzido das vozes (ou tipografias) nos nossos grafos neuronais, não permanecendo senão as diferenças significantes que podem estar na origem da nossa voz e do nosso saber. Ora, como é que isto sucede ? Tendo em conta Heidegger, estas diferenças retidas ‘vêm ao ser’ devido à redução da voz do outro, dos seus sons, e é essa redução que ‘deixa’ aparecer essas diferenças na nossa voz e saber : a pro-dução de Heidegger não se pode realizar sem a redução de Husserl. A grande astúcia de Derrida – « eu diria que a différance me pareceu estrategicamente o mais apropriado para pensar o mais irredutível da nossa época », dizia ele em 1968 – foi a de abraçar estas duas descobertas fenomenológicas principais na sua différance ou trace (rasto), espaçamento-temporalização, estrutura da relação ao outro, origem da linguagem como escrita (1967a). Proponho no texto de referência grafar esta dupla operação re(pro)dução, para guardar, fora dos parêntesis, a redução de Husserl, no ‘pro’ a doação heideggeriana que faz vir à presença como tempo e nos parêntesis o seu apagamento que deixa vir ao ser, autónomo. Não se trata apenas da aprendizagem da fala e do saber, mas também dos usos das unidades sociais, aonde é o paradigma que é retido na redução dos gestos dos mestres para que os discípulos aprendam (‘faz-se assim, vês ?’) ; pode-se dizer que qualquer descrição etnográfica consiste em restituir esse paradigma, reduzindo a contribuição do empírico dos intérpretes. Mas é também o famoso genoma dos biólogos que é reduzido da sua metade na formação dos genes para que o seu encontro, duma célula fêmea e duma célula macha, torne possível a vinda à presença temporal dum ovo que será alimentado (por re(pro)duções indefinidas, de cada vez que cada célula se divide em duas) até ao nascimento (pro-dução) do mamífero, dado e deixado vir à presença temporal. Quer isto dizer que não se trata apenas de operações de análise laboratorial científica, mas de verdadeiras operações ônticas, em que a igualdade da essência e da existência do I Heidegger se estende na II a qualquer ente, não apenas aos humanos.
90. Com certeza que será necessária, ao leitor que seja atraído por estas considerações breves, muita paciência na leitura do texto de referência para concordar com o que avanço aqui, que a Fenomenologia destes três grandes filósofos do século 20, iluminando as suas cinco principais descobertas científica e iluminada por elas, reunindo de novo filosofia e ciências, dá-se como o acabamento do projecto do saber aberto por três outros grandes, Sócrates, Platão e Aristóteles, ultrapassando nomeadamente a oposição entre as essências e os acidentes, isto é, entre o ser e o tempo. Se tenho razão (lamento muito ser obrigado, pelo género literário dum manifesto, a não detalhar minimamente a argumentação), se a filosofia com ciências, gregas e europeias, encontra assim a sua unidade, ela não pode deixar de encontrar também a sua verdade[4]. Pode-se dizer que estas grandes descobertas, científicas e fenomenológicas, que reencontram a sua verdade reconhecida pela composição e articulação com as outras, são mais do que as verdades do século : elas permanecerão verdadeiras enquanto existir a civilização actual saída delas. Esta verdade, claro, é relativa à história gnosiológica do Ocidente, entre a Grécia e a Europa, ela é histórica de cabo a rabo, não é absoluta[5]. Mas é verdadeira, da ‘nossa’ verdade ocidental (a única que temos).
91. Estas verdades, o acabamento da filosofia com as ciências, a Physica de Aristóteles substituída pela nova Fenomenologia, não significam nenhum ‘fim do pensamento’, nem das ciências, mas, pelo contrário, a abertura de possibilidades totalmente novas. Digamos que há aqui uma aposta filosófica a respeito desta verdade[6] : que as futuras descobertas científicas nestes domínios não virão contradizer estes mecanismos de autonomia com heteronomia apagada, mas antes afiná-los, torná-los mais complexos. Uma aposta também em favor duma interdisciplinaridade mais avançada e firme, porque melhor compreendida, tendo encontrado os nós das articulações dos domínios. E ainda uma aposta sobre a indefinidade de teses filosóficas (‘com’) que poderão encontrar nela recursos, quer em relação à história da filosofia, relida à luz dos grandes gestos fenomenológicos esclarecidos, quer pelas possibilidade de recurso às investigações científicas nas questões filosóficas que lhes dizem respeito.
[1] Não o conhecendo suficientemente, não tenho em conta o esforço gigantesco de Hegel para ultrapassar esta oposição : sem dúvida que ele não teve ciências à altura da ambição do seu programa.
[2] Do gnosiológico às narrativas e discursos que dizem o singular temporal.
[3] De maneira muito simplificada : da experimentação científica em labortório a técnica só retém a equação cujas variáveis correspondem às medidas experimentais, a materialidade das coisas experimentadas sendo reduzida ; esta equação servirá em seguida para a produção dum artefacto técnico, na sua ma sua matéria e capacidade de funcionar, no seu tempo de validade. O laboratório-fábrica terá dado uma máquina por exemplo, e deixa-a ir enquanto capaz de funcionar fora do alcance do físico e do engenheiro.
[4] O quadro fenomenológico do texto de referência tenta resumir a demonstração. A escrita desse texto foi uma aventura de descobertas, espero que ele tenha leitores para o apreciar. Entre essas descobertas inesperadas, é óbvio que uma tão improvável – e intempestiva – verdade relativa ao conjunto da história dopensamento ocidental é a mais gratificante. É toda a sua epopeia de pensadores, de sábios, que é reconhecida na sua paixão de pensar e de conhecer em verdade, reconhecida mesmo nos seus erros eventuais.
[5] Não há verdades absolutas em filosofia e em ciências, só as há para crentes em revelações transcendentes.
[6] Trata-se duma tese filosófica com alcance sobre a história. Esta pode contradizê-la, já o fez aliás : a gramática gerativa, que está em posição dominante nas universidades americanas e europeias, sem ser no entanto científica segundo os critérios fenomenológicos expostos, marca uma recessão histórica em relação à ciência linguística saussuriana que triunfava nos anos 60 na Europa e de que o texto citado de M. Gross (§ 66) é o melhor expoente.
87. O relativismo céptico é a doença infantil da filosofia e das ciências, a de não se conseguir ir além da dúvida e da curiosidade - motor de toda a busca de saber -, deixando que aquela desfeite esta. Os grandes pensadores, para o refutar, assentaram quase sempre a sua verdade em absolutos transcendentes. A excepção[1] foi Aristóteles e a sua Physica, de que Heidegger (1968) disse que ela era « em retracção, e por essa razão nunca suficientemente atravessado pelo pensamento, o livro de fundo da filosofia ocidental ». Ora, pode-se perceber para começar que é nos dois primeiros livros deste texto mal conhecido que os motivos filosóficos de Aristóteles são colocados, definidos e argumentados em vista de compreender o entre enquanto phusis, enquanto capaz de movimento, isto é geração, crescimento, alteração e corrupção dos vivos. Perceber-se em seguida que são esses motivos que, por um lado, estruturam os seus textos científicos (zoologia, meteorologia, poética, política) e que, por outro lado, são retomados na Metafísica em vista de compreender o ente enquanto ente. Chegar-se-á assim a perceber o estatuto desta Physica no corpus aristotélico, na raiz tanto dos seus textos científicos como metafísicos : o duma filosofia com ciências que durou vinte séculos, até Newton e Kant, tanto quanto durou a civilização autárcica que ele pensou.
88. A sua primeira categoria é a de ousia, indissociavelmente ‘substância’ (real) e ‘essência’ (discurso, pensamento), mas devendo opor-lhe o acidente, o acontecimento, a temporalidade enquanto afecta o movimento da própria ousia, esta acidentalidade afectando-a na sua ‘substância’. Era a única maneira de satisfazer às exigências de intemporalidade, inlocalidade e incircunstancialidade da textualidade gnosiológica inventada pela definição (§§ 12-14), tinha que se consentir na oposição[2], que acompanha toda a história da filosofia, entre ser e tempo. A tradução latina de ousia em dois termos, substância e essência, e a introdução por Tomás de Aquino na teologia cristã, até aí platónica e augustiniana, dum aristotelismo em que o movimento já não ocupava o lugar central, tornou possível a querela do realismo e do nominalismo que separou a ‘real’ substância da ‘nominal-mental’ essência e abriu assim à revolução cartesiana do sujeito e do seu cogito, por um lado, e à filosofia natural experimental sobre a ‘matéria’, ou seja à física e ao seu laboratório, por outro. Kant tentou reconciliar o inconciliável, se dizer se pode : era o nosso ponto de partida.
89. Para justificar a minha maneira de retomar a fieira Husserl, Heidegger, Derrida, tenho agora que retomar, à luz da filosofia com ciências, o alargamento da redução fenomenológica (§§ 15-18). Com Husserl, houve redução ou suspensão da coisa aparecendo na sua empiricidade, a sua substancialidade física e os seus laços no mundo (na cena), para não se reter senão o seu aparecer estrutural, fenomenal ; ora, esta redução encontra-se retomada, alargada e confirmada, não apenas como operação de pensamento filosófico, mas também nas operações das ciências retidas aqui. Com efeito, a doação apagada pelo Ereignis só foi possível por esta redução do substancialismo : retiro da mãe que deu o bebé para que ele se torne criança, de pois adulto, retiro das vozes que ensinam ; sem se preocupar em exemplificar e talvez sem dar por isso, Heidegger terá pensado quer o nascimento quer a aprendizagem, quer mesmo o fabrico técnico[3], a vinda à presença de tudo o que aparece, a pro-dução de qualquer fenómeno : dado e deixado ser. Em seguida, Derrida deslocou a redução fenomenológica para a diferença entre os sons aparecendo (aos ouvidos) e o aparecer desses sons, dando conta, talvez sem dar por isso, do que se passa quando uma criança começa a falar e quando nós aprendemos o que quer que seja : o que escutamos (ou lemos), assim como o que vemos ou mexemos, é reduzido das vozes (ou tipografias) nos nossos grafos neuronais, não permanecendo senão as diferenças significantes que podem estar na origem da nossa voz e do nosso saber. Ora, como é que isto sucede ? Tendo em conta Heidegger, estas diferenças retidas ‘vêm ao ser’ devido à redução da voz do outro, dos seus sons, e é essa redução que ‘deixa’ aparecer essas diferenças na nossa voz e saber : a pro-dução de Heidegger não se pode realizar sem a redução de Husserl. A grande astúcia de Derrida – « eu diria que a différance me pareceu estrategicamente o mais apropriado para pensar o mais irredutível da nossa época », dizia ele em 1968 – foi a de abraçar estas duas descobertas fenomenológicas principais na sua différance ou trace (rasto), espaçamento-temporalização, estrutura da relação ao outro, origem da linguagem como escrita (1967a). Proponho no texto de referência grafar esta dupla operação re(pro)dução, para guardar, fora dos parêntesis, a redução de Husserl, no ‘pro’ a doação heideggeriana que faz vir à presença como tempo e nos parêntesis o seu apagamento que deixa vir ao ser, autónomo. Não se trata apenas da aprendizagem da fala e do saber, mas também dos usos das unidades sociais, aonde é o paradigma que é retido na redução dos gestos dos mestres para que os discípulos aprendam (‘faz-se assim, vês ?’) ; pode-se dizer que qualquer descrição etnográfica consiste em restituir esse paradigma, reduzindo a contribuição do empírico dos intérpretes. Mas é também o famoso genoma dos biólogos que é reduzido da sua metade na formação dos genes para que o seu encontro, duma célula fêmea e duma célula macha, torne possível a vinda à presença temporal dum ovo que será alimentado (por re(pro)duções indefinidas, de cada vez que cada célula se divide em duas) até ao nascimento (pro-dução) do mamífero, dado e deixado vir à presença temporal. Quer isto dizer que não se trata apenas de operações de análise laboratorial científica, mas de verdadeiras operações ônticas, em que a igualdade da essência e da existência do I Heidegger se estende na II a qualquer ente, não apenas aos humanos.
90. Com certeza que será necessária, ao leitor que seja atraído por estas considerações breves, muita paciência na leitura do texto de referência para concordar com o que avanço aqui, que a Fenomenologia destes três grandes filósofos do século 20, iluminando as suas cinco principais descobertas científica e iluminada por elas, reunindo de novo filosofia e ciências, dá-se como o acabamento do projecto do saber aberto por três outros grandes, Sócrates, Platão e Aristóteles, ultrapassando nomeadamente a oposição entre as essências e os acidentes, isto é, entre o ser e o tempo. Se tenho razão (lamento muito ser obrigado, pelo género literário dum manifesto, a não detalhar minimamente a argumentação), se a filosofia com ciências, gregas e europeias, encontra assim a sua unidade, ela não pode deixar de encontrar também a sua verdade[4]. Pode-se dizer que estas grandes descobertas, científicas e fenomenológicas, que reencontram a sua verdade reconhecida pela composição e articulação com as outras, são mais do que as verdades do século : elas permanecerão verdadeiras enquanto existir a civilização actual saída delas. Esta verdade, claro, é relativa à história gnosiológica do Ocidente, entre a Grécia e a Europa, ela é histórica de cabo a rabo, não é absoluta[5]. Mas é verdadeira, da ‘nossa’ verdade ocidental (a única que temos).
91. Estas verdades, o acabamento da filosofia com as ciências, a Physica de Aristóteles substituída pela nova Fenomenologia, não significam nenhum ‘fim do pensamento’, nem das ciências, mas, pelo contrário, a abertura de possibilidades totalmente novas. Digamos que há aqui uma aposta filosófica a respeito desta verdade[6] : que as futuras descobertas científicas nestes domínios não virão contradizer estes mecanismos de autonomia com heteronomia apagada, mas antes afiná-los, torná-los mais complexos. Uma aposta também em favor duma interdisciplinaridade mais avançada e firme, porque melhor compreendida, tendo encontrado os nós das articulações dos domínios. E ainda uma aposta sobre a indefinidade de teses filosóficas (‘com’) que poderão encontrar nela recursos, quer em relação à história da filosofia, relida à luz dos grandes gestos fenomenológicos esclarecidos, quer pelas possibilidade de recurso às investigações científicas nas questões filosóficas que lhes dizem respeito.
[1] Não o conhecendo suficientemente, não tenho em conta o esforço gigantesco de Hegel para ultrapassar esta oposição : sem dúvida que ele não teve ciências à altura da ambição do seu programa.
[2] Do gnosiológico às narrativas e discursos que dizem o singular temporal.
[3] De maneira muito simplificada : da experimentação científica em labortório a técnica só retém a equação cujas variáveis correspondem às medidas experimentais, a materialidade das coisas experimentadas sendo reduzida ; esta equação servirá em seguida para a produção dum artefacto técnico, na sua ma sua matéria e capacidade de funcionar, no seu tempo de validade. O laboratório-fábrica terá dado uma máquina por exemplo, e deixa-a ir enquanto capaz de funcionar fora do alcance do físico e do engenheiro.
[4] O quadro fenomenológico do texto de referência tenta resumir a demonstração. A escrita desse texto foi uma aventura de descobertas, espero que ele tenha leitores para o apreciar. Entre essas descobertas inesperadas, é óbvio que uma tão improvável – e intempestiva – verdade relativa ao conjunto da história dopensamento ocidental é a mais gratificante. É toda a sua epopeia de pensadores, de sábios, que é reconhecida na sua paixão de pensar e de conhecer em verdade, reconhecida mesmo nos seus erros eventuais.
[5] Não há verdades absolutas em filosofia e em ciências, só as há para crentes em revelações transcendentes.
[6] Trata-se duma tese filosófica com alcance sobre a história. Esta pode contradizê-la, já o fez aliás : a gramática gerativa, que está em posição dominante nas universidades americanas e europeias, sem ser no entanto científica segundo os critérios fenomenológicos expostos, marca uma recessão histórica em relação à ciência linguística saussuriana que triunfava nos anos 60 na Europa e de que o texto citado de M. Gross (§ 66) é o melhor expoente.
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